Entre Golpes e Ocupações

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Ocupação do escritório do MinC em Florianópolis, no Largo da Afândega.

Entre os inúmeros desmontes e estragos feitos por Temer e sua equipe das trevas na primeira semana de invasão do Palácio do Jaburu, a transformação do MinC em uma secretaria do Ministério da Educação foi a que mais causou revolta nas ruas e na rede. A justificativa foi o “enxugamento da máquina pública”. Uma motivação que caiu por terra nos primeiros minutos do anúncio, já que após inúmeras manifestações e até ocupações de escritórios regionais do MinC em todo o país, o presidente-interino-golpista anunciou que desta forma a “cultura terá mais recursos“.

Ou seja, Temer transformou um Ministério de uma área complexa e cheia de especificidades próprias em uma secretaria submetida a um Ministério diferente por causa de uma suposta economia que aumentará os recursos em algum momento no futuro.

Essa contradição só evidencia que, mesmo que dinheiro seja a única coisa que estes caras pensem, não é de dinheiro que se trata. O orçamento do MinC não faz diferença na tal reforma administrativa em matéria de orçamento, já que os recursos dispensados ao setor sempre foram pífios, se comparados ao restante do Governo Federal. A eliminação da pasta é um ato de revanchismo político, já que a maior parte da classe artística, dos intelectuais e produtores culturais do país se opuseram ao processo de impeachment da presidenta Dilma, mesmo com fortes críticas ao governo dela.

É por isso que toda a comunidade cultural brasileira se uniu para lutar contra o desmantelamento imediato de uma estrutura voltada exclusivamente para a Cultura. Se a mudança de um mandato para outro costuma trazer inúmeros prejuízos para uma pasta dentro de um mesmo governo, imagine mudar abruptamente a pasta inteira de governo?

Acabar com o MinC é em suma, um ato mesquinho de Michel Temer. Um ato que que reflete o reducionismo tanto gerencial quanto discursivo. Um Ministério da Cultura é mais que uma Lei Rouanet, como alguns insistem em resumir. A questão do MinC é muito mais ampla, estrutural, simbólica.

Ter ou não um Ministério para a Cultura do país é uma questão política com P maiúsculo.

É disso que estes canalhas fogem.

 

ATUALIZAÇÃO: Temer não aguentou a pressão e devolveu o MinC. Agora falta devolver a CGU, Secretaria das Mulheres, Igualdade Racial e por fim, renunciar e se mudar para a Patagônia.

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